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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Toxoplasmose x Gravidez

   Apesar de ser uma zoonose importantíssima, é uma doença deixada um pouco "em segundo plano" na rotina clínica veterinária, pois não chega a ser a mais prevalente na nossa rotina de medicina felina, porém a mesma assusta muito as gestantes em especial, pois muitas são aconselhadas pelos seus médicos, nesse período, até mesmo a "se livrarem" dos seus felinos por conta dos riscos, quando na verdade a falta de informação também prevalece muito, não só das gestantes, como dos profissionais que as acompanham.

   O ideal seria que os mesmos, encaminhassem suas pacientes, juntamente com seus felinos para uma avaliação também com o médico veterinário, que é o profissional mais adequado para explicar de fato todo o ciclo da doença, inclusive o papel dos felinos nesse ciclo, mostrando que não é necessário se desfazer do seu pet para estar livre dos riscos, mas sim ter os cuidados necessários para evitar a contaminação.

ETIOLOGIA:

   É causada pelo protozoário Toxoplasma Gondii e constitui uma importante zoonose, pois pode causar sérios danos aos fetos de humanos e animais. Os felídeos são o ponto-chave da epidemiologia, pois são os únicos hospedeiros onde ocorre a reprodução sexuada do parasito (hospedeiros definitivos), resultando na formação de oocisto que são eliminados pelas suas fezes. Normalmente esse parasita não causa sinais clínicos, porém pode causar doença severa na sua forma congênita, levando a problemas no sistema nervoso central e retina dos fetos, por isso o medo das gestantes que criam gatos ou cães.

TRANSMISSÃO (CICLO):

   Pode ocorrer de 3 formas:

1) Ingestão de tecidos de animais infectados, contendo cistos, como carnes cruas ou mal cozidas (fonte de infecção primária nos felinos);

2) Ingestão de oocistos eliminados nas fezes do gato, os quais as baratas, moscas e minhocas podem transportar esses oocistos (fonte de infecção para os hospedeiros intermediários - homens e outros animais);

3) Infecção congênita, transplacentária, que pode ser causa de aborto, natimorto ou mortalidade neonatal.



   Os gatos são conhecidos como hospedeiros definitivos porque é a única espécie que completa o ciclo êntero-epitelial e elimina oocistos no ambiente. Esse oocisto presente nas fezes demora 1 a 5 dias para esporular, ou seja, para os tutores que limpam as caixas de areia frequentemente e seguindo as regras básicas de higiene, os riscos de contaminação são menores, pois somente após 24h ou mais que as fezes estejam no ambiente, esses oocistos irão esporular (se tornando infectantes).

INFECÇÃO E SINAIS CLÍNICOS:

   Na maioria dos casos o hospedeiro sobrevive e há produção de anticorpos. A infecção em hospedeiros definitivos ou intermediários ocorre comumente, mas os sinais clínicos são raros. Quando presentes, os sinais dependem do quadro imune do animal, número de microorganismos ingeridos, e se existe, ou não, uma afecção concomitante. Essa doença é mais reconhecida clinicamente nos gatos, do que nos cães, mas os sintomas são semelhantes em ambas espécies. Os órgãos mais comumente afetados em gatos são os olhos e pulmões.

DIAGNÓSTICO E PREVENÇÃO:

   O diagnóstico sorológico é o principal meio de diagnóstico da infecção recente ou ativa. O ELISA é amplamente utilizado. A prevenção da infecção depende da exposição de cães e gatos a carne mal cozida ou crua. Visto que os gatos só eliminam oocistos por 1 a 2 semanas após tornarem-se infectados, e visto que a maioria dos gatos são minuciosos nos seus hábitos de limpeza, assim como os tutores também devem ser, a exposição a oocistos infectantes NÃO É A FONTE MAIS IMPORTANTE de infecção para gatos, cães ou homens.

Referência: Toxoplasmose em cães e gatos, Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária, Julho de 2008.

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