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terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Vírus da Imunodeficiência Felina (FIV)

   Talvez você nunca tenha ouvido falar dessa doença com esse nome, mas popularmente ela também é chamada de AIDS Felina. Não por se tratar do mesmo vírus que acomete os humanos, mas por causar uma imunossupressão bem semelhante nos felinos, deixando os mesmos susceptíveis a diversas infecções secundárias. Assim como os outros lentivírus, o FIV é espécie-específico e não apresenta risco aparente à saúde pública.

Transmissão:
 
   As feridas causadas por mordidas parecem ser o principal modo de transmissão, embora exista evidência de que ele possa ser casualmente transmitido entre gatos que convivem pacificamente e com grande proximidade, durante longo período de tempo. Essas informações mais recentes contrastam com os achados iniciais que sugeriam que esse tipo de contato não oferecia risco de transmissão. As fêmeas infectadas durante a gestação podem transmitir o vírus in útero ou posteriormente, por meio do colostro ou da saliva, embora isso não seja frequente. Os gatos machos idosos e de vida livre possuem o risco mais alto da infecção, devido as constantes brigas.

Estágios da doença:
 
   O número exato de estágios clínicos que existem varia de acordo com os pesquisadores. Em geral, existem 3 estágios clínicos: (1) uma fase aguda, (2) uma assintomática de duração variável e (3) uma fase terminal. Durante a fase aguda, os sinais duram de vários dias até semanas e podem consistir em febre, depressão, disfunção gastrintestinal (incluindo estomatite) e linfadenopatia periférica. Em alguns gatos, a fase aguda não é detectada. Como um portador assintomático, o gato fica livre da doença clínica, sabe-se que esse estágio dura um mínimo de 6 anos em alguns gatos e, até 10 anos em outros. Nos estágios mais tardios, os sinais refletem as infecções oportunistas, neoplasias ou uma síndrome degenerativa crônica.

Diagnóstico primário:

- Sinais clínicos que não respondem bem ao tratamento;
- Teste de anticorpos (kits), tendo o cuidado de saber que nenhum desses testes pode distinguir entre o anticorpo induzido pela vacinação e aquele que é produzido por meio da infecção natural ou anticorpos maternos;
- Reação em cadeia da polimerase (PCR) que determina o verdadeiro estado do FIV. 


Exemplos de alguns testes rápidos disponíveis


Diagnóstico secundário:
- Hemograma e perfil bioquímico também ajudam na investigação, além de mostrar o real estado do paciente.

Observações importantes!!!
1) A maioria dos gatos torna-se soropositivos dentro de poucas semanas da infecção, embora casos raros possam requerer 6 meses ou mais.
2) Os anticorpos maternos derivados de infecção natural podem fazer com que os filhotes apresentem resultado positivo para o teste ELISA, por até 6 meses após o nascimento. Os filhotes positivos devem ser testados novamente após 6 meses e 12 meses de idade (ou devem ser testados usando o PCR).
3) Não existe vacina disponível hoje no Brasil (diferente da FelV, como falaremos na próxima postagem).

Terapêutica primária:
   É de suporte, pois nenhuma terapêutica antiviral encontra-se disponível atualmente. Os gatos FIV-positivos devem ser examinados a cada 4 a 6 meses pelo seu veterinário, para intervir-se precocemente se surgir algum problema.

Terapêutica secundária:
- Interferon (age como imunoestimulante);
- Evitar o estresse que pode desencadear problemas de saúde;
- Isolamento para evitar a transmissão aos outros gatos e exposição aos patógenos secundários.

Prognóstico:

   É variável e dependendo do estágio clínico no momento do diagnóstico. Até 50% dos gatos irão permanecer assintomáticos por 4 a 6 a nos após a infecção, e aproximadamente 20% irão morrer durante esse período. A maioria dos pacientes não morrem por estarem infectados com o vírus em si, mas sim porque o sistema imune deficiente já não combate outras doenças da forma que deveria, por isso mesmo não devemos condenar os gatinhos FIV-positivos, mas sim tentar dar o máximo de qualidade de vida aos mesmos enquanto possível.

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